Núcleos envolvidos
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As parcerias estabelecidas pelos núcleos com as escolas públicas da região formam um elo importante na multiplicação de metodologias para melhoria da qualidade do ensino, com novas formas de ensinar e aprender, e no fortalecimento da relação escola-território-família.
Habitar É Comunicar foi a temática orientadora da formação de cerca de 220 pessoas, entre professores, coordenadores pedagógicos e alunos de cinco escolas públicas, baseada na metodologia de educomunicação do NCC São Miguel no Ar, sistematizada na publicação Educomunicação em Movimento.
Produção de textos, peças audiovisuais, roteiros, locuções, jingles, fotonovelas, documentários configuraram-se como uma contribuição para a melhoria do ambiente escolar, e a temática de 2012 permitiu também novas reflexões sobre a escola e o espaço público. Além do trabalho desenvolvido na sala de aula, os produtos dos alunos chegaram à comunidade com a publicação dos textos no jornal A Voz do Lapenna e a veiculação das peças na Rádio de Rua, no mesmo bairro, levando as temáticas para além dos muros da escola.
A relação da escola com o bairro e com a cidade, os organismos de funcionamento (órgãos administrativos, legislativos e executivos) e os problemas do território foram diagnosticados e analisados. A finalização trouxe propostas de melhorias, elaboradas por educadores e jovens, em um plano de metas apresentado em um encontro no qual as escolas se constituíram como partidos políticos e fizeram suas campanhas e defenderam suas escolhas.
Enquanto a conexão com o território e com a cidade, por meio da comunicação, foi a diretriz da parceria do NCC com as escolas, a relação dos professores com os alunos configurou o trabalho do Núcleo Mundo Jovem nas formações oferecidas aos educadores sobre temáticas da juventude.
Durante oito meses, 16 professores, maioria do ensino fundamental II da rede pública, participaram de encontros para aprofundar conhecimentos sobre os temas identidade/diversidade, família, sexualidade e drogas. Por meio de dinâmicas e vivência dos conteúdos trabalhados e da troca de experiências, os participantes adquiriram novos saberes conceituais e práticos. Segundo os professores, a formação fortaleceu o dia a dia com os alunos, que vem repleto de questões dessa fase de transição na vida dos jovens, e apontou caminhos para inserção da metodologia Mundo Jovem, de forma transversal, em suas atividades.
Para alcançar um número ainda maior de educadores, o Núcleo Mundo Jovem estabeleceu uma parceria com a Diretoria Regional de Ensino de São Miguel. O resultado foi a criação de um encontro de formação para 160 professores da rede pública municipal. Em dois dias, oficinas norteadas pelos temas família, sexualidade e drogas abordaram as questões de forma dinâmica e interativa, oferecendo subsídios mais aprofundados para a atuação desses professores com as temáticas de forma transversal (leia mais em depoimentos).
Além da relação dos professores com os alunos e da escola com o território, a família também é personagem das ações que buscam a melhoria da qualidade do ensino. A educação dos filhos e a participação na vida escolar constituíram-se como eixos das reuniões socioeducativas, base do método do Programa Ação Família.
Em 2012, a estratégia do programa foi a de fortalecer a parceria com as escolas para ressignificar as relações destas com as famílias de seus alunos, contribuindo para a quebra de paradigmas e preconceitos. O desafio é substituir a “culpabilização” pelo diálogo, incentivando a aproximação indispensável para a educação dos jovens.
Nos três grupos realizados dentro das escolas, os encontros sob esse tema abriram novas referências para as famílias, com a apresentação dos espaços possíveis de participação no ambiente escolar, como os conselhos, as associações de pais e as reuniões. A proximidade com os coordenadores e diretores das escolas que receberam o projeto foi importante para abrir esses canais.
As escolas municipais de ensino fundamental parceiras da ação confirmam a mudança na relação com os pais. Maior participação nas reuniões e no conselho das escolas, aumento nas sugestões para resolução de conflitos, acompanhamento da evolução dos jovens, melhora nos hábitos de estudo, redução de falta e abandono escolar são alguns dos resultados conquistados.
Esse foco maior do programa na relação família-escola foi também motivado pelo percurso da pesquisa Educação em Territórios de Alta Vulnerabilidade Social na Metrópole, cuja participação da equipe em diferentes etapas do desenvolvimento da investigação, especialmente na discussão da análise dos dados da pesquisa, levou à percepção de que parcela considerável das famílias com baixa escolaridade e vivendo em regiões de alta vulnerabilidade se esforça para proteger seus filhos do território e desenvolve práticas para assegurar um ambiente propício para aprendizagem, na esperança de assegurar aos filhos uma escolarização bem-sucedida. Esse entendimento vai na contramão do que se costuma pensar de que essas famílias não valorizam ou não compreendem o valor da educação.
Fotos: NCC
