Com um passeio pela história do Brasil, o escritor Pedro Bandeira abriu seu encontro com os professores no Festival do Livro e da Literatura de São Miguel. Esse trajeto serviu para contextualizar os desafios de um país, que foi explorado durante sua colonização e que, até os anos 1960, oferecia oportunidades de alfabetização para apenas 10% da população.
Com o tema Como conquistar o aluno que não gosta de ler?, o escritor de literatura mais vendido do Brasil, destacou: “Fomos treinados para educar uma minoria e excluir os maus alunos. Precisamos nos reinventar.” Para Pedro, o professor deve olhar para a sala de aula como um médico olha para pacientes com diferentes diagnósticos. “Há quem está no ambulatório, aqueles que estão na enfermaria e alguns em terapia intensiva. Mas nenhum deles pode ser abandonado.”
Para Bandeira, o professor tem papel fundamental na relação da criança com a escola e estar atento àqueles que têm dificuldade no aprendizado é uma grande responsabilidade. Nesse cenário, a leitura e a literatura são ferramentas que abrirão outros caminhos para o aluno. “Se leio mal uma história, como vou entender matemática?”
O hábito da leitura vem da prática e o escritor indica diferentes caminhos para esse exercício. Em relação à temática de redações, Pedro indicou a emoção como um dos melhores caminhos para a criança soltar a imaginação. “Temas como minhas férias são frios. É preciso usar o coração para escrever.” Na avaliação do autor, observar o momento do grupo também é uma ótima oportunidade. Se os alunos entram em aula falando mal do técnico da seleção, a proposta pode ser enviar uma carta a ele, com as críticas dos alunos para a sua atuação.
“E como eu corrijo tudo isso?” Quanto à correção, Bandeira enfatiza que não é preciso fazer isso o tempo todo. Podem existir momentos nos quais ela acontece e em outros ela pode ficar em segundo plano. A comparação sim é importante. “O aluno precisa ter confiança e perceber que evoluiu e não é a nota que diz isso a ele. A nota é muito mais para o professor. Se metade da sala foi mal em uma avaliação, o professor precisa retomar a matéria de uma outra forma.”
No dia a dia da sala de aula, o professor deve ser aquele que apresenta e sistematiza as oportunidades. “Ele é um facilitador, alguém que trabalha com os diferentes estímulos, porque o aprendizado é individual. Por isso, ajude o aluno a acertar, fique de mão dada com ele. O paciente só conversa com o médico em que ele confia, o aluno também”, finaliza.
Fotos: Veronica Manevy