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programação cultural

Tradicional arraial do CDC Tide Setubal
celebra a cultura brasileira

O 6° Encontro de Cultura Caipira propiciou uma viagem pela cultura nacional, por meio de comidas, bebidas típicas, brincadeiras, além de música e dança. De 22 a 24 de junho, o CDC Tide Setubal, em São Miguel Paulista, na zona leste de São Paulo, recebeu centenas de pessoas, que apreciaram apresentações de danças regionais, como jongo, congada, maracatu, fandango e moçambique. A riqueza da culinária brasileira estava nas barracas de comidas e bebidas típicas. Foram vendidos, durante os festejos, vinho quente, quentão, licor de café, baião de dois, iaiá-ioió, escondidinho e muitos outros quitutes.

“Nossa intenção é revelar um panorama da cultura popular do país”, explica Inácio Pereira dos Santos Neto, organizador do evento e coordenador do Núcleo Arteculturação da Fundação Tide Setubal. “Por isso, além da tradição caipira, também trazemos para a festa expressões da cultura caiçara e afrodescendente.”

O leque das atrações do arraial do CDC foi bastante variado. Contemplou de forró de pé de serra — com o Trio Rastapé Flor de Muçambê —, as marchinhas carnavalescas, com o Cordão dos Bichos de Tatuí. Ora os visitantes batiam os pés no ritmo dos tambores do Jongo de Embu das Artes, ora acompanhavam os passos da Congada de Santa Ifigênia. “Adorei a congada”, disse Marli Pereira Silva Cruz, comerciária de 48 anos. “Tinha visto na TV, mas, pessoalmente, é muito melhor”, observou a moradora de Vila Curuçá, que foi à festa com mais quatro pessoas da família, no sábado, dia 23.

Na sexta-feira, o destaque ficou com o Fandango Batido de São Gonçalo e sua dança originária da colheita do arroz. No passado, os homens com tamancos de madeira sapateavam e as mulheres abanavam, com as saias, as palhas que se soltavam das sementes. Daí surgiu essa manifestação trazida ao Brasil pelos primeiros colonizadores. Outro momento emocionante ocorreu no domingo, com a apresentação de As Piracicabanas, orquestra composta por 20 violeiras, de 7 a 70 anos de idade. As vozes dos frequentadores se uniram às das musicistas em clássicos do repertório caipira, como Rio de Piracicaba e Chico Mineiro.

Cultura viva
“Trabalhamos pelo resgate e fortalecimento da história e da cultura. Este evento é uma oportunidade de disseminarmos nossas manifestações. Um povo sem história não existe”, afirmou o professor Adriano Leite, da Fundação Arte e Cultura de Ilhabela (Fundaci), responsável pelo grupo de esquetes e canções caiçaras. A colocação do pesquisador resumia o sentimento dos outros coletivos presentes nos festejos. “O jongo nasceu nas fazendas de café, nas festas dos escravos. Meu pai era jongueiro. Quero manter viva essa tradição de meus ancestrais”, enfatizou mestre Bina, do Jongo de Embu das Artes.



As sócias do Costume Popular, empreendimento gastronômico de São Miguel Paulista apoiado pelo Fundo Zona Leste Sustentável, mostraram que a culinária também é um meio de difusão de cultura. “Para a nossa barraca, preparamos releituras do cardápio junino, como o bolo de café com chantili de cachaça. Estamos muito contentes em participar desta festa”, pontuou a chef Daniela Romão.

Vestido de caipirinha, o pequeno Iago Silva, de 6 anos, se deliciou com o bolo de erva-cidreira, assistiu a uma esquete teatral sobre a cultura caiçara e brincou de pescaria. “Sou de Minas Gerais. Lá eu dançava quadrilha. Quis dividir com meu filho as lembranças da infância”, relatou a mãe do menino, Graciela Aparecida da Silva, de 30 anos.

Fotos: Veronica Manevy