Mobilização e articulação

Ao eleger o desenvolvimento local como sua missão, a Fundação Tide Setubal se colocou um desafio ainda maior do que a oferta de serviços de qualidade à população: agir em conjunto com diversos atores que, somados e com propósitos comuns, vislumbram a possibilidade de transformar a realidade na qual estão imersos.

Mas como compreender que mudança é essa? Como equilibrar as motivações individuais com valores éticos e de justiça social? De que forma avaliar se os interesses identificados caminham na direção do bem-estar coletivo?

Com essas inquietações e o reconhecimento das enormes desigualdades de acesso aos bens sociais presentes na região, a Fundação passou a traçar caminhos para a organização da comunidade em espaços de diálogo, troca de informações e participação para criar condições de discussão pública sobre direitos e deveres e para promover a interação entre instituições e agentes locais, capazes de articular outros atores sociais, entre eles, o poder público.

O Estado decide o investimento muitas vezes sem acompanhar uma dada realidade, mas é ele que tem o poder para ampliar as ações bem-sucedidas e incorporá-las às políticas públicas, por isso, o encontro e o debate com a população são fundamentais. E, nesse sentido, o Estado contemporâneo reconhece cada vez mais a importância dessa relação na construção, implantação e aprimoramento das políticas públicas.

É preciso organizar a sociedade, ouvir, entender, identificar as demandas para dialogar com representantes do poder público. Dessa forma, a comunidade pode apresentar as necessidades do território, exercitando sua participação cidadã, e ampliar as ofertas de serviços que possam trazer novas oportunidades de crescimento.

A Fundação articula e estimula espaços de diálogo que fortalecem a população para o controle social. Junto aos moradores, o trabalho é realizado no Fórum dos Moradores do Jardim Lapenna e Adjacências (Fole), que ano a ano se estabelece não só como um lugar para reivindicações, mas também com a força para o aprendizado cidadão. Em 2012, o grupo comemorou duas grandes conquistas para a região e, a partir disso, ampliou seu viés pedagógico com um espaço preparatório para a reunião mensal e produções de comunicação do Núcleo de Comunicação Comunitária para traduzir didaticamente os desafios a serem enfrentados.

É importante destacar que a comunidade precisa reconhecer a sua capacidade de agir, independentemente do Estado, pois o desenvolvimento não está colocado em um único ator. Com a multiplicidade de demandas a serem atendidas, a população precisa de canais de expressão para reivindicar seus direitos e não ficar à margem do processo de desenvolvimento.

A atuação nas redes locais deu o tom para a mobilização e articulação no sentido macro das políticas públicas para o território. Os núcleos Mundo Jovem e Ação Família integraram grupos de proteção à criança e ao adolescente, de prevenção à violência e de educação para o desenvolvimento local.

Todo esse processo requer relações de confiança, postura apartidária e também uma agenda clara, construída coletivamente com o microterritório. O esforço de todos é perseguir respostas para as pautas relevantes, discuti-las e divulgá-las, pois assim contribuímos para consolidar a construção do processo democrático em nosso país.